[ad_1]
Futura ministra falou em rede social sobre “o grande desafio de resgatar e atualizar a agenda socioambiental perdida”
A deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) será a nova ministra do Meio Ambiente no governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com isso, esta será a segunda vez que ela chefiará a pasta. No Twitter, ela se manifestou após o anúncio feito no início da tarde desta quinta-feira (29). “Agradeço a confiança depositada pelo presidente Lula para, juntos com a nossa mobilizada sociedade, enfrentarmos o grande desafio de resgatar e atualizar a agenda socioambiental perdida.”
Marina esteve no cargo entre 2003 e 2008, durante os dois mandatos de Lula, e foi uma das responsáveis pelos melhores resultados do combate ao desmatamento no Brasil. No primeiro ano à frente da pasta, o país registrou 25,3 mil quilômetros quadrados de área desmatada. Em 2008, quando deixou o governo, foram contabilizados 12,9 quilômetros quadrados de desmatamento.
“Me orgulho de ter liderado o trabalho que resultou na maior redução da taxa de desmatamento da história da Amazônia e as maiores operações já registradas contra grileiros, madeireiros e garimpeiros ilegais, que resultaram na prisão de mais de 700 pessoas e na desarticulação das organizações criminosas que devastavam a floresta”, escreveu Marina Silva em carta publicada em seu site de campanha eleitoral deste ano. Ela foi eleita deputada federal por São Paulo com 236.635 votos.
As medidas adotadas na sua gestão durante os primeiros governos Lula se basearam em quatro eixos: controle e participação social; desenvolvimento sustentável; fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e política ambiental transversal, ou seja, com o envolvimento de diversos ministérios e órgãos.
A queda na taxa de desmatamento, por exemplo, Marina Silva associou à política ambiental transversal e ao incentivo a práticas produtivas sustentáveis. “No caso do desmatamento, o que andou mais foi a agenda do combate às práticas ilegais”, disse Marina Silva ao deixar o cargo em 2008, em discurso ao retornar ao Congresso Nacional. Ela se licenciou do posto de senadora pelo PT do Acre por cinco anos e quatro meses para chefiar o Ministério.
Mais recentemente, durante sua passagem pela COP27, no Egito, Marina disse que o Meio Ambiente é uma “agenda estratégica para o Brasil e para o mundo na qual o Brasil já mostrou que sabe o que fazer, como fazer e mostrou resultados”.
Entre as propostas que foram veiculadas durante sua campanha à Câmara dos Deputados, mas que devem seguir em sua atuação no Ministério, estão a recomposição e a ampliação dos quadros técnicos e dos orçamentos do MMA, Ibama, ICMBio e SFB, retornando o SFB e a ANA para o Ministério do Meio Ambiente.
Silva também deve pautar a elaboração de uma Política Nacional de Bioeconomia, com o objetivo de fomentar a pesquisa relacionada à biodiversidade brasileira e à conservação dos biomas, com o objetivo de desenvolver produtos e serviços de alto valor agregado.
Um outro ponto da agenda é a resolução de cerca de 57 milhões de hectares de terras públicas não destinadas na Amazônia, “com prioridade clara para atendimento das demandas de povos indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais e unidades de conservação nas áreas florestadas e uso sustentável e regenerativo de áreas já desmatadas”, segundo seu programa.
Para passar no Congresso Nacional, no entanto, um projeto de lei deve ter adesão expressiva dos parlamentares. “Portanto, nossa tarefa primordial, antes mesmo de desenvolvermos os pontos específicos dos programas de governo, é pactuar uma base política e institucional democrática, recompor as funções públicas do Estado, recuperar a governança perdida”, escreveu Marina Silva em cartas aos paulistas.
Relação com o PT
Antes de ser ministra, Marina foi vereadora em Rio Branco, capital do Acre, entre 1989 e 1991, e deputada estadual entre 1991 e 1995. Depois, passou para o cargo de senadora até 2011. Até 2008, foi eleita para todos os cargos pelo PT. Naquele ano, no entanto, agravaram-se as divergências dentro do governo e ela entregou sua carta de demissão ao presidente.
Entre os desentendimentos, os ministros de outras pastas acusavam Marina Silva de obstruir projetos de desenvolvimento. O estopim teria sido a interferência do então ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, na área de meio ambiente. Ele foi nomeado, na época, como presidente do Conselho Gestor do Plano Amazônia Sustentável.
Por outro lado, Marina vinha escalando as críticas ao aumento do desmatamento, logo no fim de sua gestão, após anos consecutivos de quedas, devido ao avanço de pastos e plantações de soja, estimulado pelo aumento do preço de commodities. Na ocasião, seu posicionamento trazia críticas aos então governadores Blairo Maggi (MS) e Ivo Cassol (RO) e ao ministro Reinhold Stephanes (Agricultura).
GOVERNO LULA
Futura ministra falou em rede social sobre “o grande desafio de resgatar e atualizar a agenda socioambiental perdida”
Caroline Oliveira
Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
29 de Dezembro de 2022 às 13:36
A deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) será a nova ministra do Meio Ambiente no governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com isso, esta será a segunda vez que ela chefiará a pasta. No Twitter, ela se manifestou após o anúncio feito no início da tarde desta quinta-feira (29). “Agradeço a confiança depositada pelo presidente Lula para, juntos com a nossa mobilizada sociedade, enfrentarmos o grande desafio de resgatar e atualizar a agenda socioambiental perdida.”
Marina esteve no cargo entre 2003 e 2008, durante os dois mandatos de Lula, e foi uma das responsáveis pelos melhores resultados do combate ao desmatamento no Brasil. No primeiro ano à frente da pasta, o país registrou 25,3 mil quilômetros quadrados de área desmatada. Em 2008, quando deixou o governo, foram contabilizados 12,9 quilômetros quadrados de desmatamento.
“Me orgulho de ter liderado o trabalho que resultou na maior redução da taxa de desmatamento da história da Amazônia e as maiores operações já registradas contra grileiros, madeireiros e garimpeiros ilegais, que resultaram na prisão de mais de 700 pessoas e na desarticulação das organizações criminosas que devastavam a floresta”, escreveu Marina Silva em carta publicada em seu site de campanha eleitoral deste ano. Ela foi eleita deputada federal por São Paulo com 236.635 votos.
As medidas adotadas na sua gestão durante os primeiros governos Lula se basearam em quatro eixos: controle e participação social; desenvolvimento sustentável; fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e política ambiental transversal, ou seja, com o envolvimento de diversos ministérios e órgãos.
:: Sônia Guajajara será nomeada ministra dos Povos Indígenas ::
A queda na taxa de desmatamento, por exemplo, Marina Silva associou à política ambiental transversal e ao incentivo a práticas produtivas sustentáveis. “No caso do desmatamento, o que andou mais foi a agenda do combate às práticas ilegais”, disse Marina Silva ao deixar o cargo em 2008, em discurso ao retornar ao Congresso Nacional. Ela se licenciou do posto de senadora pelo PT do Acre por cinco anos e quatro meses para chefiar o Ministério.
Lula e Marina Silva / Evaristo Sá/AFP
Mais recentemente, durante sua passagem pela COP27, no Egito, Marina disse que o Meio Ambiente é uma “agenda estratégica para o Brasil e para o mundo na qual o Brasil já mostrou que sabe o que fazer, como fazer e mostrou resultados”.
Entre as propostas que foram veiculadas durante sua campanha à Câmara dos Deputados, mas que devem seguir em sua atuação no Ministério, estão a recomposição e a ampliação dos quadros técnicos e dos orçamentos do MMA, Ibama, ICMBio e SFB, retornando o SFB e a ANA para o Ministério do Meio Ambiente.
Silva também deve pautar a elaboração de uma Política Nacional de Bioeconomia, com o objetivo de fomentar a pesquisa relacionada à biodiversidade brasileira e à conservação dos biomas, com o objetivo de desenvolver produtos e serviços de alto valor agregado.
Um outro ponto da agenda é a resolução de cerca de 57 milhões de hectares de terras públicas não destinadas na Amazônia, “com prioridade clara para atendimento das demandas de povos indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais e unidades de conservação nas áreas florestadas e uso sustentável e regenerativo de áreas já desmatadas”, segundo seu programa.
Para passar no Congresso Nacional, no entanto, um projeto de lei deve ter adesão expressiva dos parlamentares. “Portanto, nossa tarefa primordial, antes mesmo de desenvolvermos os pontos específicos dos programas de governo, é pactuar uma base política e institucional democrática, recompor as funções públicas do Estado, recuperar a governança perdida”, escreveu Marina Silva em cartas aos paulistas.
Relação com o PT
Antes de ser ministra, Marina foi vereadora em Rio Branco, capital do Acre, entre 1989 e 1991, e deputada estadual entre 1991 e 1995. Depois, passou para o cargo de senadora até 2011. Até 2008, foi eleita para todos os cargos pelo PT. Naquele ano, no entanto, agravaram-se as divergências dentro do governo e ela entregou sua carta de demissão ao presidente.
Entre os desentendimentos, os ministros de outras pastas acusavam Marina Silva de obstruir projetos de desenvolvimento. O estopim teria sido a interferência do então ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, na área de meio ambiente. Ele foi nomeado, na época, como presidente do Conselho Gestor do Plano Amazônia Sustentável.
Por outro lado, Marina vinha escalando as críticas ao aumento do desmatamento, logo no fim de sua gestão, após anos consecutivos de quedas, devido ao avanço de pastos e plantações de soja, estimulado pelo aumento do preço de commodities. Na ocasião, seu posicionamento trazia críticas aos então governadores Blairo Maggi (MS) e Ivo Cassol (RO) e ao ministro Reinhold Stephanes (Agricultura).
:: Operação Nero: PF prende bolsonaristas suspeitos de ato golpista com vandalismo em Brasília ::
Agora, antes de ser nomeada para o Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva disse que “Lula mudou”, em entrevista à BBC News. Ela também afirmou que a política ambiental transversal, efetivada nos primeiros governos petistas, voltará à próxima gestão.
“O presidente Lula mudou. Naquela época, o combate às atividades ilegais e a política ambiental eram diretrizes só do ministério [do Meio Ambiente]. Agora, o próprio presidente assumiu como sendo de todo o governo”, afirmou.
Trajetória
Nascida na pequena comunidade de Breu Velho, no Seringal Bagaço, município de Rio Branco, no Acre, Marina Silva tem graduação em licenciatura em História pela Universidade Federal do Acre e pós-graduação em Teoria Psicanalítica pela Universidade de Brasília e em Psicopedagogia pela Universidade Católica de Brasília. Nesta época, Marina se aproximou do líder seringueiro Chico Mendes. Juntos, os dois ajudaram a fundar a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Desde então, passando pelos cargos públicos, Marina Silva ganhou expressão global. Em 1996, recebeu o prêmio Goldman, considerado o Nobel do Meio Ambiente. Em 2007, o jornal britânico The Guardian incluiu Marina Silva na lista das 50 pessoas do mundo que mais ajudaram a salvar o planeta. Ainda no mesmo ano, ganhou o Champions of the Earth, o principal prêmio da ONU na área ambiental. No ano seguinte, recebeu a medalha Duque de Edimburgo, em reconhecimento à sua trajetória e luta em defesa da Amazônia brasileira, concedida pela rede WWF (World Wide Fund for Nature).
Candidata à Presidência
Em junho de 2010, Marina anunciou oficialmente sua candidatura à presidência da República pelo Partido Verde (PV). Ao final do primeiro turno das eleições, obteve 19.636.359 votos, ficando em terceiro lugar na disputa. Quem seguiu para o segundo foram Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Em 2014, Marina concorreu novamente à presidência e mais uma vez terminou em terceiro lugar, com 22.154.707 de votos, atrás de Dilma e Aécio Neves (PSDB).
Ela voltou ao pleito em 2018 pela Rede Sustentabilidade e teve seu pior resultado em eleições presidenciais: terminou em oitavo lugar com 1.069.575 votos. No segundo turno, ela manifestou apoio ao candidato do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad.
Por: Caroline Oliveira
Edição: Nicolau Soares
Fonte: Brasil de fato