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Um estudo realizado em seis estados e 17 municípios revela que, em média, 21,3% dos peixes comercializados nas localidades que chegam à mesa das famílias na região Amazônica apresentam níveis de contaminação por mercúrio acima do limite aceitável estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), maior ou igual a 0,5 µg/g.

O dado é de uma pesquisa inédita da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Greenpeace, Iepé, Instituto Socioambiental e WWF-Brasil.

Os piores índices estão em Roraima, onde 40% dos peixes analisados apresentaram níveis de mercúrio acima do limite. O Acre vem logo na sequência com 35,9%. Já os menores indicadores estão no Pará, com 15,8%, e no Amapá, com 11,4%.

Na análise por municípios, o Amazonas ganha destaque já que em cidades como Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira o índice sobe para 50%.

As coletas de amostras de peixes foram realizadas no período de março de 2021 a setembro de 2022. Foram avaliados 1.010 exemplares de peixes, de 80 espécies distintas, comprados em mercados, feiras e diretamente de pescadores, simulando o dia a dia dos consumidores locais.

Para os especialistas, a contaminação tem relação com o avanço de garimpos ilegal e os indicadores encontrados durante o estudo reforçam o alerta para um assunto já conhecido, mas não resolvido, que é o risco à segurança alimentar na região amazônica gerado pelo uso de mercúrio na atividade garimpeira.

“É preocupante que a principal fonte de proteína do território, se ingerida sem controle, provoque danos à saúde por estar contaminada”, ressalta Decio Yokota, coordenador do Programa de Gestão da Informação do Iepé.

“Estamos diante de um problema de saúde pública. Sabemos que a contaminação é mais grave para as mulheres grávidas, já que o feto pode sofrer distúrbios neurológicos, danos aos rins e ao sistema cardiovascular. Já as crianças podem apresentar dificuldades motoras e cognitivas, incluindo problemas na fala e no processo de aprendizagem. De forma geral, os efeitos são perigosos, muitas vezes irreversíveis, os sintomas podem aparecer após meses ou anos seguidos de exposição. É urgente a criação de políticas públicas para atender as pessoas já afetadas pela contaminação por mercúrio e medidas preventivas, de controle de uso”, alerta Paulo Basta, pesquisador da Fiocruz.

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