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Em agosto de 2023, o desmatamento na Amazônia continuou seguindo a tendência de queda, chegando a 563,09 quilômetros quadrados, representando uma redução de 66% em relação ao mesmo mês de 2022. Em relação ao mês anterior, julho de 2023, quando  a perda de floresta foi de 499,91 quilômetros quadrados, houve um aumento de 13%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Espacial de Pesquisa Espacial (INPE).

Ao todo, a região acumula no de 2023 uma área desmatada de  3.711,72 km², o que representa uma queda de 48% em relação ao total acumulado entre janeiro e agosto de 2022. De março até agosto, todas as taxas mensais mostram queda comparadas às de 2022. Entre maio e julho de 2023, as taxas mensais decresceram, justamente quando, nos anos anteriores da série histórica, observa-se uma tendência de alta em função da época de estiagem, o que aumenta a propensão para a ocorrência de incêndios florestais.

Apesar do Pará ainda estar em primeiro lugar, com o maior número absoluto de desmatamento (204 km²) conseguiu reduzir em 13% o desmatamento entre julho e agosto, enquanto o Mato Grosso, segundo colocado, quase dobrou a área desmatada, passando de 85 km² em julho para 169,87 neste mês. Com exceção do Pará, Amazonas e Acre, todos os demais estados que compõem o território seguiram tendência de alta, com destaque em termos absolutos para os estados de Roraima e Maranhão, onde as áreas de desmate aumentaram em 220% e 74%, respectivamente. 

Quando comparados aos números de agosto de 2022, os dados de 2023 para o mesmo mês mostram queda em todos os estados, com exceção do Amapá e Tocantins, onde contudo não podem ser considerados significativos (1,63  e 1,59, respectivamente). O Acre foi o estado em que se registrou a maior queda (78%), seguido pelo Amazonas (72%), Rondônia (71%), Pará (70%), Roraima (62%) e Mato Grosso (50%). 

A redução das taxas de desmatamento na Amazônia Legal refletem uma série de medidas que estão sendo aplicadas pelo Governo Federal nos últimos meses, como o aumento de multas, embargos e apreensões pelo Ibama e o ICMBio, aplicação do embargo remoto em áreas desmatadas ilegalmente e apreensão da produção realizada nestas áreas, entre outras. 

No Dia da Amazônia, 5 de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um pacote de medidas de preservação ambiental. Isso incluiu a demarcação das terras indígenas Rio Gregório (AC) e Acapuri de Cima (AM), bem como a ampliação de áreas de proteção ambiental em Roraima e a demarcação de duas terras indígenas. O presidente também decretou a criação da Unidade de Conservação Floresta Nacional do Parima em Roraima e ampliou o Parque Nacional do Viruá. 

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, André Lima, Secretário Extraordinário de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial, citou que o governo pretende investir, por meio do Fundo Amazônia, nos municípios que reduzirem a destruição da floresta. Os investimentos podem chegar a R$600 milhões para medidas de regularização fundiária e ambiental em uma tentativa de firmar compromissos com os municípios. Na Amazônia, os municípios que mais desmataram foram Altamira, no Pará, com 36,62 km², Juina, no Mato Grosso, e Porto Velho em Rondônia. Os dois municípios desmataram 19.14 km² e 18.66 km², respectivamente.

No Cerrado, o desmatamento seguiu em alta na comparação com 2022. No mês de agosto 462,72 km² de vegetação nativa foram perdidos contra 451,81 km² no mesmo período do ano anterior, um aumento de 2%, suficiente para registrar um novo recorde mensal na série histórica. Já em relação ao mês de julho deste ano, houve queda de 24%. 

O bioma acumula uma área desmatada de 5.482,13 km² entre os meses de janeiro e agosto de 2023 versus 4.575,15 km² no mesmo período do ano anterior. Um aumento de 20%. Entre maio a agosto deste ano, as taxas vêm decrescendo, dentro de uma tendência observada na série histórica do bioma, sendo que com exceção do mês de junho, os demais apresentaram taxas mais altas que em 2022.

Somente neste ano, dos oito meses computados pelo Deter, três registraram recordes nas taxas de desmatamento no Cerrado desde o início da série histórica para o bioma, que teve início em 2019. 

“Embora exista a previsão de lançamento para o Plano de Proteção do Cerrado – PPCerrado – em outubro, há evidências de que grande parte do desmatamento praticado no bioma seja supostamente autorizado. Para que se possa compreender melhor o problema e traçar estratégias para melhor solucioná-lo, é crucial que haja maior transparência das bases de dados estaduais de autorização de supressão de vegetação, embargos e autos de infração. Sem que esses dados estejam disponíveis e atualizados, dificilmente conseguiremos controlar o desmatamento nesse bioma. Aparentemente, temos um longo caminho a percorrer”.

No comparativo das áreas desmatadas nos estados, Maranhão continuou liderando o ranking, com 105,62 km² desmatados, seguido por Bahia (103,84 km²), Tocantins (94,85 km²), Mato Grosso (40,25 km²), Piauí (36,57 km²), Goiás (33,36 km²), Minas Gerais (23,60 km²), Mato Grosso do Sul (19,83 km²) e Pará (4,28 km²). Em conjunto, os estados do MATOPIBA responderam por 340,88 km² desmatados em agosto de 2023, ou seja, 74% da área perdida no Cerrado neste período. 

Em relação a agosto do ano anterior, apresentaram aumento nas taxas de desmatamento os estados de Mato Grosso do Sul (500%), Goiás (83%), Mato Grosso (77%) e Tocantins (25%). Já Piauí, Bahia e Maranhão apresentaram queda no período comparado (47%, 13% e 7%, respectivamente).

Quando comparados ao mês de julho de 2023, todos os estados apresentaram queda na área desmatada, com exceção de Bahia e Minas Gerais, que tiveram alta de 7% e 11% respectivamente. O Mato Grosso foi o estado que apresentou proporcionalmente a maior queda (35%), seguido por Maranhão (33%) e Tocantins (31%). 

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