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A proporção de casos autóctones de malária, ou seja, com transmissão local, na população negra no garimpo em relação ao total de casos registrados no Brasil cresce há 10 anos.

Em 2012, na população parda, essa proporção era de cerca de 9,3%, com 13.538 casos registrados — número que sofreu variações ao longo dos anos, majoritariamente com crescimento.

Já em 2022, foram 18.233 casos confirmados na população parda no garimpo, o equivalente a 24,7% das infecções no grupo.

VÍDEO – Estudo relaciona aumento de malária com garimpo ilegal

Até março de 2023, os casos no garimpo representam 33,91% das confirmações da doença na população parda, o maior valor alcançado até então.

O mesmo movimento é verificado nos casos de malária na população preta: 1.700 casos em 2012 (14,60%) para 1.943 em 2022 (41,50%).

Nos três primeiros meses deste ano, no garimpo, a população preta registrou 690 casos de malária, o equivalente a 57,26% das infecções neste grupo.

Os dados são do segundo volume do Boletim Epidemiológico da Saúde da População Negra, lançado na segunda-feira (23).

O documento do Ministério da Saúde é uma ferramenta de monitoramento dos indicadores de saúde entre as pessoas negras e tem como objetivo guiar políticas públicas de combate ao racismo, redução das desigualdades e promoção da saúde ao longo dos próximos anos.

Crescimento do garimpo e malária no Brasil

O garimpo cresceu no Brasil, principalmente na Amazônia, de acordo com levantamento feito pelo MapBiomas divulgado em setembro deste ano.

Em 2022, a Amazônia concentrou 92% da área garimpada no país. Nos últimos cinco anos, cerca de 40,7% da área total de garimpo foi aberta dentro do território desse bioma.

A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada da fêmea infectada do mosquito do gênero Anopheles, também conhecido como mosquito-prego, de acordo com o Ministério da Saúde.

Cerca de 99% dos casos autóctones de malária estão concentrados na região amazônica.

Em 2022, foram diagnosticados 128.991 casos autóctones de malária. Desses, 60,96% ocorreram em pessoas autodeclaradas pardas ou pretas (57,33% e 3,63%, respectivamente). O boletim epidemiológico destaca que este foi o ano com menor registro de casos, considerando-se a série analisada.

Até o mês de março de 2023, 17.676 casos novos de malária foram notificados na população negra, representando 55,69% do total de casos notificados (31.740 casos).

O documento ainda mostra que, considerando todos os anos de análise, os casos concentraram-se na população parda, especialmente em áreas rurais (63,92% dos casos), seguidas por áreas urbanas (15,99%).

Na população autodeclarada preta, a maioria dos casos também ocorreu em áreas rurais (56,32%), e, em segundo lugar, em áreas de garimpo (20,04%).

*Sob supervisão de Márcia Barros, da CNN

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