Apesar de não ter definido uma meta de desmatamento, a Cúpula da Amazônia teve um avanço importante ao reconhecer que a floresta está próxima do chamado “ponto de não retorno”. É o que afirmou Tasso Azevedo, engenheiro florestal e coordenador do MapBiomas, em entrevista à CNN nesta quarta-feira (9).
Azevedo pondera que o ideal seria que os países tivessem firmado um acordo de não-desmatamento da Amazônia, mas celebrou o compromisso de firmar uma aliança internacional para mover recursos científicos em função da preservação da floresta.
“O ideal seria que a gente tivesse tido a meta já definida, mas tem um avanço que acontece no documento que a história dirá que foi muito importante. Ele dá uma sinalização muito clara, que foi acompanhada do estabelecimento do painel intergovernamental de ciência da Amazônia — responsável por dar as indicações científicas, do que a gente precisa fazer para proteger a Amazônia e evitar esse ponto de não-retorno”, defendeu.
O engenheiro florestal explica que a floresta já teve 17% de sua vegetação nativa desmatada — no caso do Brasil, esse dado sobe para 19% — e estabelece a marca dos 20% como ponto de limite.
“Nesse ritmo de desmatamento, em 15 anos a gente passaria o limite dos 20% e entraria na zona de risco. Se o desmatamento da Amazônia chegar a 20, 25%, você pode romper o ciclo das chuvas, regulado pela Amazônia aqui na América do Sul. É logo ali, o esforço para reduzir o desmatamento tem que ser imediato”, afirmou o coordenador do MapBiomas.
Divergências na Declaração
A diplomacia brasileira havia chegado a defender que, na Declaração, os países usassem a meta do Brasil de atingir o desmatamento ilegal zero até 2030.
O documento apenas salienta “a urgência de pactuar metas comuns para 2030 para combater o desmatamento, erradicar e interromper o avanço das atividades de extração ilegal de recursos naturais e promover abordagens de ordenamento territorial e a transição para modelos sustentáveis, tendo como ideal alcançar o desmatamento zero na região”.
No resumo da Declaração, o caso brasileiro é citado como um exemplo. Peru, Colômbia e Venezuela concordaram com o desejo brasileiro, mas a CNN apurou que Guiana, Suriname e Bolívia recusaram a possibilidade de sair do encontro com a meta única.
Veja imagens da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo
Usamos cookies para garantir que oferecemos a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você está satisfeito com ele.OkPrivacidade