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Território está situado em munícipio do Pantanal sul-mato-grossense. Chamas atingiram área próxima de roça e foram controladas pelo Prevfogo e brigadistas indígenas voluntários

Um incêndio consumiu uma área de aproximadamente 20 hectares na Terra Indígena (TI) Lalima, localizada na cidade Miranda, em Mato Grosso do Sul. O território abriga cerca de 1,5 mil indígenas do povo terena e está distante cerca de 55 quilômetros do centro do município pantaneiro. Os focos de incêndio foram controlados por brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) e pela brigada indígena voluntária da TI — formada no ano passado através de parceria entre a Ecologia e Ação (Ecoa), WWF-Brasil e o próprio Prevfogo. A situação, no entanto, ainda é monitorada pelos indígenas, que temem a reincidência de novos focos.  

Gilson Pinheiro, líder do esquadrão indígena, disse que o incêndio teve início na segunda-feira (25) e atingiu regiões próximas de áreas utilizadas para a roça. Imediatamente, o Prevfogo foi solicitado para prestar apoio à ocorrência. No total, 11 brigadistas atuaram na TI, sendo cinco do Prevfogo e seis da brigada indígena Terena. Durante a noite, as chamas já haviam sido controladas. 

Brigada indígena voluntária TI Lalima, em treinamento no ano passado. De óculos, Gilson Pinheiro, líder do esquadrão / Foto: Victor Hugo Sanches – Arquivo Ecoa

“A gente tá dando suporte na questão de rescaldo (supressão de focos escondidos ou brasas que podem se tornar novos incêndios) porque a gente conhece o território. Nós acionamos, eles [Prevfogo] prontamente vieram. A gente tem o material só que a gente não tem logística para transportar. Aí a gente tem uma motinha, uma outra coisa pra gente poder locomover, uma bicicleta. A gente vai, pra ajudar”, disse Pinheiro, que também trabalha conscientizando a aldeia sobre o enfrentamento aos incêndios. 

Neste momento, a maior preocupação dos moradores da TI é que as chamas se alastrem entre as Áreas de Preservação Permanente (APPs) situadas às margens do Rio Miranda, que corta o território indígena. Por conta disso, o assunto deve ser debatido entre as lideranças da região ainda nesta semana, relatou Gilson. O indígena estima que uma área de cerca de 20 hectares tenha sido queimada até agora. 

“Nossa aldeia está rodeada de lavouras, tem fazendeiros do lado que plantam lavouras, então sobrou só a nossa mata da nossa aldeia, e isso nós temos que preservar, defender com unhas e dentes esse território aqui”, disse Gilson, que nesta quinta-feira (28) realiza vistorias para verificar se há ocorrência de novos focos. 

De acordo com o diretor presidente da Ecoa, André Luiz Siqueira, a TI Lalima desempenha papel importante para a conservação da biodiversidade da região. “[A TI Lalima] margeia o Rio Miranda, um importante rio da bacia Hidrográfica do Pantanal. Também é uma área de preservação permanente. Então, por isso ela é extremamente sensível e extremamente importante para a sua proteção [do rio]”, disse Siqueira. 

Incêndio registrado em 2021, na TI Lalima. Neste ano, o líder da brigada voluntária do território estima que 20 hectares tenham sido consumidos pelo fogo / Foto: Victor Hugo Sanches – Arquivo Ecoa

Brigadas indígenas 

O trabalho de treinamento de brigadas indígenas voluntárias no Cerrado e no Pantanal sul-mato-grossense teve início em 2020 – ano em que o bioma pantaneiro teve mais de um quinto de sua área queimada – e atualmente conta com quatro brigadas voluntárias compostas pelos originários da região, entre elas a da TI Lalima, formada em 2021. No total, somada às indígenas, 16 brigadas já foram formadas. A iniciativa ocorre a partir de parceria entre o Prevfogo, WWF-Brasil e a Ecoa. 

Para Siqueira, que também coordena o trabalho de formação de brigadas voluntárias na Ecoa, o projeto é fundamental para fazer o monitoramento dos incêndios, o que contribui para a ação rápida contra os incêndios, como foi no caso da TI Lalima. “O líder da brigada, o Gilson, que acionou os órgãos oficiais para o combate. Isso ajuda muito na vigilância aos incêndios na região”. 

Ele lembra que, em 2021, o Prevfogo treinava indígenas de outra TI, próxima do local, quando um incêndio também tomou conta da terra indígena Lalima. Apesar de ainda não contar com a brigada formada naquela época, a TI já havia recebido os equipamentos de combate às chamas, o que permitiu que os brigadistas do Prevfogo se deslocassem rapidamente e os utilizassem para conter as chamas. “Em dois dias o fogo cessou. Estamos agora finalizando um mapeamento, localizando especificamente onde todas as bases de equipamentos estão distribuídas. Nós vamos deixar isso mapeado e entregar às autoridades para que eles possam utilizá-lo”, acrescentou. 

Segundo André, este é o segundo ano que a TI Lalima recebe equipamentos para o combate a incêndios, o que contribui para uma resposta rápida às ocorrências que envolvem o fogo. O diretor da Ecoa estima que até o fim do ano a quantidade de brigadas voluntárias formadas na região alcance o número 23.  “As brigadas comunitárias voluntárias são uma grande ferramenta de conservação, porque mais do que efetuar o combate, é um elemento fundamental de educação e mudança de comportamento do grupo social naquele ambiente, naquele território”. 

Incêndios no Pantanal sul-mato-grossense 

O Pantanal sul-mato-grossense registrou, entre janeiro e esta quinta-feira (28), 736 focos de calor no bioma. O número é quase o mesmo registrado durante o mesmo período de 2021 (722). Apesar da diminuição, a área queimada é 25% maior. São mais de 141 mil hectares deste ano contra mais de 112 mil do ano passado. Os dados são do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do sistema de alertas do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ).

Por Michael Esquer
Fonte: O Eco

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