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O mundo produz atualmente 50 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa ao ano. Desde o acordo de Paris, em 2015, o objetivo é de que esse número caia para 10 bilhões. Entidades e a sociedade em geral têm se esforçado para atingir essa meta. Mas, para garantir a neutralidade de carbono até 2050 e controlar o avanço do aquecimento global, será necessário remover da atmosfera todo ano parte desses gases.
No Brasil, uma área remota do estado do Pará abriga um dos maiores projetos de remoção de carbono do mundo. A equipe da CNN viajou quase três mil quilômetros para conhecer o local.
A startup brasileira Mombak é especializada no mercado de remoção de carbono. A empresa tem um investimento inicial de US$ 100 milhões para restauração de florestas na Amazônia.
Eles compram terras ou fazem parcerias rurais, plantam árvores e geram receita com a venda de créditos de carbono para empresas que precisam compensar a emissão dos gases de efeito estufa.
Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de dióxido de carbono que deixou de poluir a atmosfera.
As árvores estocam o carbono naturalmente durante o processo de fotossíntese e removem grande quantidade de gás carbônico, que polui e promove o aquecimento global.
“Para medir a quantidade de carbono estocada por uma árvore é preciso medir altura, largura e analisar a espécie”, afirma Renato Crouzeilles, diretor de ciência na empresa.
O mercado de carbono, apesar de novo, cresceu muito nos últimos quatro anos e já movimenta quase US$ 1 trilhão por ano no mundo todo.
O norte-americano Peter Fernandez, fundador da Mombak, mora há 12 anos no Brasil e já trabalhou como executivo do Google na América Latina, além de ser ex-CEO da empresa de transporte por aplicativo 99.
Em um dos momentos de sua carreira, ele começou a estudar a restauração ambiental. Há dois anos, se uniu a Gabriel Haddad, que é ex-CFO da Nubank, para criar a Mombak.
“O investimento em restauração ambiental agora é atrativo porque gera receita. Antigamente era só filantropia. Agora, os investidores têm retorno financeiro e isso aumenta o interesse, consequentemente beneficiando a natureza e combatendo o aquecimento global”, diz Peter.
A ideia da startup é comprar grandes terras desmatadas. Por isso, os empresários escolheram o Brasil, já que a Amazônia tem a maior floresta tropical do mundo e a maior área desmatada. Cerca de 20% da floresta já foi devastada, segundo o monitor Mapbiomas.
A primeira terra comprada pela Mombak foi uma fazenda no interior do Pará, com cerca de três mil hectares, equivalente ao tamanho de três mil campos de futebol.
“É uma gigantesca área que foi desmatada por conta da pecuária”.
A lei brasileira manda que, nessa região, as fazendas tenham 50% de área com floresta. Mas não é o que acontece normalmente.
“O Brasil tem dezenas de milhares de terras assim, que poderiam ser melhor aproveitadas. A maior oportunidade de reflorestamento e remoção de carbono está aqui”, explica Peter Fernandez.
A ideia da Mombak é plantar três milhões de árvores de 68 espécies diferentes nos próximos 11 meses. A produção é em série industrial, com 40 pessoas trabalhando no local. Em quatro semanas, plantaram 123 mil mudas.
Essas mudas são criadas em viveiros em São Paulo e na Bahia e depois levadas para o plantio no Pará.
A meta é que, em cinco anos, a empresa consiga remover um milhão de toneladas de gás carbônico da atmosfera por ano.
O trabalho também gera receita local para pequenos municípios do Brasil e vai aumentar a biodiversidade na região.
“O Brasil tem potencial de ser protagonista no mercado de remoção de carbono. Aqui está a maior e mais escalável oportunidade para isso”, afirma Peter.
A jornalista Adriana De Luca viajou ao Pará a convite da startup Mombak.
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