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A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou ter apenas 23 servidores para proteger um território indígena de 10 milhões de hectares, tamanho semelhante ao da Bélgica, na Europa. Em dimensão, é como se cada funcionário patrulhasse sozinho cerca de 434 mil campos de futebol numa área que soma os 8,5 milhões de hectares da terra indígena do Vale do Javari, no Amazonas, local onde foram mortos o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Philips.

A informação do efetivo foi comunicada nesta quinta-feira (30) pelo servidor da Funai Ricardo Sallum, durante audiência conjunta das comissões da Câmara e do Senado, que acompanham a investigação das mortes de Dom Bruno. Aos parlamentares, Sallum relatou a impossibilidade de proteger, com este efetivo, um território que tem 15 povos isolados – não possuem contato com o restante do Brasil e não falam português – , dois de recente contato e seis etnias aldeadas, que falam português.

Aos congressistas, ele também disse que a Funai mapeou a entrada de narcotraficantes nos territórios dos povos isolados, além de caçadores e pescadores que atuam de maneira irregular na região, e repassou informações sobre a falta de uma mínima infraestrutura.

“Não há transporte adequado, não há uma estrutura mínima de comunicação entre os povos indígenas”, afirmou Sallum.

Em nota, a Funai informou que a Coordenação Regional Vale do Javari possui o total de 135 servidores e a Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari conta com 17 servidores – a Frente é a unidade de campo que serve de referência para trabalhos de localização, monitoramento, vigilância e proteção dos indígenas isolados e de recente contato.

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