A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que a redução no desmatamento na Amazônia ainda é insuficiente e que é preciso “quebrar a inércia” para que o resultado seja melhor.

Entre janeiro e agosto deste ano, conforme os dados oficiais, houve uma redução de 48%, em comparação com o mesmo período de 2022. Conforme Marina, a expectativa é que esse número suba para 50% em setembro.

“Conseguimos uma redução do desmatamento de 48%. E provavelmente, neste mês de setembro, vai aumentar um pouquinho de 48% para 50%. No estado do Amazonas a redução foi de 64%. E mesmo assim, nós temos que quebrar a inércia dos resultados já alcançados. Porque os resultados já alcançados para o planeta e para nós ainda são insuficientes. Portanto, nada melhor que ter ferramentas para expor as nossas necessidades”, disse a ministra durante o 7º Fórum Nacional de Controle, realizado no Tribunal de Contas da União, na quinta-feira (5).

Dados do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (DETER) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apontam que, de janeiro a agosto, foram registrados alertas de desmatamento em 3.712 km² na Amazônia, uma queda de 48% se comparado ao mesmo período do ano passado.

Dez municípios concentraram 32% do total de áreas sob alertas de desmatamento na Amazônia de janeiro a agosto deste ano: o líder foi Apuí (AM), com 196,33 km², seguido de Altamira (PA), com 176,26 km², e Feliz Natal (MT), com 176,23 km².

Ainda de acordo com o sistema Deter, nos últimos cinco anos, a taxa de desmatamento na Amazônia Legal oscilou. Segundo os dados do Deter, em 2022 a área desmatada foi de 11,6 mil km², enquanto em 2021, o número havia sido recorde, chegando a uma área de 13 mil km² de desmatamento.

Em 2020, os números apontaram 10,9 mil km² desmatados, enquanto em 2019 foram 10,1 mil km² e em 2018, 7,5 mil km². O compilado até o nono mês do ano ainda não foi divulgado.

Marina Silva ainda voltou a alertar que a responsabilidade de combate ao desmatamento não é só do Brasil, mas sim de um pacto global.

“É o ‘nós para todos’, para o globo inteiro, não é responsabilidade só do Brasil. Porque mesmo que a gente chegue ao desmatamento zero até 2030, se o mundo não parar de emitir CO2 pelo uso de combustível fóssil, a Amazônia vai virar savana. Vai ser destruída do mesmo jeito e é insuportável imaginarmos que algo possa acontecer”, frisou.

Mudanças climáticas

A ministra também comentou sobre as mudanças climáticas e citou o fenômeno “El Ninõ” que tem causado chuvas intensas no Sul e seca no Norte do país.

“Todo um sistema colapsado pelo cruzamento de dois fenômenos: o El Niño, um fenômeno natural, e o aquecimento das águas do Atlântico Norte em função da mudança do clima. Esse ano começamos o ano com chuvas torrenciais na Amazônia, e secas no sul do país. Nós estamos encerrando o mesmo ano, com chuvas torrenciais onde tinha seca e insuportável onde tivemos enchentes. Isso são os eventos extremos”, afirmou.

Marina seguiu dizendo que muitas pessoas tentam minimizar a conta e dizem que o El Niño é um fenômeno natural. “De fato é um fenômeno natural, mas está potencializando a mudança do clima e está causando efeitos devastadores”, disse.

A ministra do Meio Ambiente também rebateu as críticas de políticos sobre a liberação das licenças ambientais para asfaltamento da BR-319. No final de setembro, o senador Omar Aziz (PSD-AM) chegou a acusar a ministra de “ser a responsável pelo isolamento do Amazonas” por não conceder as licenças de pavimentação da estrada.

Os comentários também teriam sido feitos novamente durante a visita a Manaus, ocorrida nesta quarta-feira (4), para acompanhar a seca dos rios no Amazonas. Na ocasião, além de Marina, as falas também teriam sido direcionadas à ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

“Ontem, as palavras mais duras foram dirigidas a mim e à ministra Sônia Guajajara. E eu fiquei pensando ‘porquê?’ Quando os povos indígenas protegem a maior parte do planeta. Às vezes a consciência de alguém projeta em alguém aquilo que não queremos assumir como responsabilidade”, disse na quinta-feira.

A estrada foi construída em meados dos anos 1970 e parte dela atravessa trechos de floresta amazônica. No governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foram concedidas licenças para iniciar o asfaltamento da via. Organizações não governamentais e lideranças indígenas temem impactos negativos com o avanço das licenças.

“Embora as obras contribuam para o escoamento de produções locais, caso seus impactos não sejam controlados, o aumento das atividades criminosas na região compromete a biodiversidade e o modo de vida de populações tradicionais, que correm o risco de perder espaço para o agronegócio”, aponta o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (IDESAM).

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