O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (9),  que valorizar a Amazônia “não é apenas manter as árvores em pé”. O presidente pediu “dignidade para as quase 50 milhões de pessoas que moram na Amazônia sul-americana”.

Sem responder a perguntas de repórteres, Lula fez uma declaração à imprensa com um balanço final da Cúpula da Amazônia, em Belém. O presidente ainda participa de almoço com representantes dos países participantes da Cúpula e de reuniões bilaterais na tarde desta quarta.

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Em sua fala, ele voltou a cobrar colaboração dos países ricos, dizendo que quem precisa de investimento não é o Brasil, a Colômbia ou a Venezuela.

“É a natureza, que o desenvolvimento industrial ao longo de 200 anos poluiu, que está precisando que eles paguem sua parte agora para a gente recompor parte daquilo que foi estragado”, disse Lula.

“Hoje, negar a crise climática é apenas insensatez, mas valorizar a floresta não é apenas manter as árvores em pé. Significa dar dignidade para as quase 50 milhões de pessoas que moram na Amazônia sul-americana”, completou.

Ele destacou as reuniões com os países com florestas tropicais ao longo dos dois dias de evento.

Sem incluir metas únicas para zerar o desmatamento ilegal nos países amazônicos nem informações sobre a exploração de petróleo na região, foi aprovada a “Declaração de Belém” pelos países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) – Brasil, Bolívia, Colômbia, Guiana, Equador, Peru, Suriname e Venezuela.

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Em seguida, também foi adotado, nesta quarta, um comunicado conjunto dos “países florestais em desenvolvimento”, que, além dos membros da OTCA, inclui os convidados para a Cúpula, Indonésia, República Democrática do Congo, República do Congo e São Vicente e Granadinas.

Com mais de 100 parágrafos, Lula saudou a Declaração de Belém pelas “iniciativas muito concretas para o enfrentamento dos desafios compartilhados por nossos oito países”.

“Trabalharemos no combate ao desmatamento e aos ilícitos, na criação de mecanismos financeiros e apoio às ações nacionais e regionais de desenvolvimento sustentável, na criação de um painel técnico-científico e na criação de novas instâncias de coordenação e participação”, disse.

Ele afirmou que os países em desenvolvimento com florestas tropicais participantes da Cúpula identificaram “enormes convergências” e estão convencidos de que “é urgente e necessário nossa atuação conjunta em fóruns internacionais”.

Lula reivindicou “maior representatividade em discussões que nos dizem respeito”. “Defenderemos juntos que os compromissos de financiamento climático assumidos pelos países ricos sejam cumpridos”, acrescentou.

O presidente ainda afirmou que foram definidas duas frentes de ação importantes.

“Uma delas é trabalhar pela definição de um conceito internacional de sociobioeconomia que nos permita certificar produtos das florestas e gerar emprego e renda. Outra é criar um mecanismo para remunerar de forma justa e equitativa os serviços ambientais que as nossas florestas prestam ao mundo. Medidas protecionistas mal disfarçadas de preocupação ambiental por parte de países ricos não são o caminho a trilhar”, concluiu.

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